Perfeito texto. Suspeito que veremos mais obras do tipo, porque se tem francês fazendo e tá fazendo sucesso é chic, é descolado, é tendência! Infância sofrida, se não teve, inventa! Autoficção pode ser ferramenta de rebranding, por que não?
Obrigada, Aline! 💛 Autoficção virou mesmo uma baita ferramenta de rebranding pra quem, até ontem, só escrevia crônicas sobre ser "doidinha" e reclamar que todo homem é um lixo, não é mesmo? Essa banalização cansa, principalmente pra quem tá há anos batalhando pra conquistar um lugar legítimo. Tô num bode sem igual... Mas seguimos. Obrigada mais uma vez pela leitura e pela troca!
Disse tudo, Ludmila! Engraçado que eu estava justamente finalizando esse texto quando topei com o seu comentário na timeline do Substack. Não entendo essa vergonha em admitir que se veio de um núcleo familiar onde nunca faltou nada. Parece o mesmo movimento de certos paulistanos que, do dia pra noite, se reinventam como nordestinos, vendendo narrativas de superação dignas de quem realmente saiu do sertão pra conquistar a cidade grande. No fim, isso só banaliza a trajetória de quem carregou essas vivências no corpo e na história.
E o mais absurdo: a literatura tem tantos espaços ainda por ocupar, tantos nichos legítimos pra serem explorados... Não precisa inventar dor pra ter o que dizer.
É uma apropriação que esvazia de sentido a trajetória de quem realmente passou ou ainda passa por alguma situação grave na vida. É de uma descaração imensa.
Alexandre, recebo suas palavras com alegria ♥️ precisava acalmar os ânimo sobre essa pauta e meu jeito de fazê-lo foi pelo texto. Começou na escuta da participação de Bernardi num podcast, acabou comigo aliviada em reconhecer meus privilégios. Pena que ainda sigo meio revoltada com tanta gente aplaudindo a bobajada que essa mulher escreve 😅
Amiga, uau, tá? E antes de vc dar nome aos bois eu já estava suspirando de alívio pela tua lucidez (sempre). Obrigada demais por ter mais paciência e elegância do que eu para falar isso tudo. Texto maravilhoso mesmo, e tenho sentido enorme exaustão desse grupo. O teu livro sai quando? É isso que quero saber :)
Amiga ♥️ te agradeço com o coração cheio pela leitura e pelos elogios ♥️ acho que estamos todos cansados. Quanto mais eu leio, mais me sinto frustrada ao ver gente que se enxerga superior por ter feito certos cursos ou lido certos autores. Não quero silenciar ou anular os incômodos de quem passou por uma ascensão intelectual, mas querer comparar isso a uma deserção de classe me parece bastante descabido.
Seu texto ativou lugarzinho do meu cérebro que precisava dele. Reconhecer nosso lugar na classe, anterior ou presente, sem autojulgamento, sem achar que não somos merecedores ou que somos menos do que deveria, com certeza alivia. Obrigado!
Que ótimo saber disso, Pedro! Eu que te agradeço pela leitura. É um processo complexo esse de observar nossa trajetória e unir as pontas com o passar do tempo. Há muito conflito geracional se pensarmos na vida dos nossos pais e de nossos avós, mas a questão da ascensão social dói em outros pontos e me incomoda ver gente querendo crescer em cima de uma narrativa de superação só porque “tá na moda”. É importante reconhecer privilégios e entender que não há problema algum em ter crescido em condições confortáveis. E, além disso, entender que certificados e afirmação de ter lido certos autores não nos faz melhor que ninguém - algo que a boba da corte parece não ter sacado hehe
Oi, Camila! É um prazer te ter por aqui. Te agradeço pela leitura :) podemos trocar figurinhas sobre nossas experiências enquanto imigrantes. Adoro saber mais da perspectiva de quem saiu do Cerrado para se instalar na Europa!
Vamos sim! Também adoro conhecer as histórias de quem se mudou, ainda mais quando parte de uma região do Brasil (CO) também distante e cheia de particularidades.
Quando li a boba da corte, pensei: Realmente deve ser uma grande barra a experiência de perceber não basta ser branca, loira, rica e famosa para ser considerada da elite... hahahaha
E pior foi a matéria da Veja chamando amigos de ensebados e se vangloriando de ter uma dia pagado almoço e janta para eles... Deusa me livre!
Hahaha exatamente! É muito sofrimento, pobrezinha. Tamanho drama só pra se encaixar na narrativa que tem vendido muito no momento, ofuscando quem de fato tem algo de relevante para nós contar. É lamentável. Obrigada pela leitura e pelo comentário, Alice! 💛
Lidy adorei essa perspectiva. Não sabia muito sobre tuas origens, muito legal saber mais. Não li esse livro Boba da corte, mas vi a crítica na Quatro Cinco Um e fiquei meio pasma - seria jogada de marketing já que o tal livro pela perspectiva do desertor de classe está em alta? Enfim. Da minha perspectiva, te escrevo de um trem entre Miyajima e Hiroshima - uma viagem ao Japão nunca constou nem nos meus sonhos mais loucos, tendo crescido numa família de classe média baixa. Seria eu uma desertora de classe? Haha
Tai, eu conheço a diva de outros carnavais. Trabalhei numa editora que tinha dois livros dela publicados, ambos compilados de crônicas. Ao menos na literatura ela ficou conhecida por ser muito doidinha (risos) e chorar as pitangas porque todos os homens são horríveis. Um belo dia pego o podcast da 451 para ouvir, que era para divulgar o livro novo da autora, e fiquei meio confusa porque não casa com a personagem, sabe? Entendo o encanto que ela tem pela Annie Érnaux e pelo Édouard Louis. Também entendo que talvez ela tenha se sentido "excluída" quando entrou pra elite intelectual paulistana. Agora querer criar uma narrativa de coitadinha é muito descabido, sobretudo perto da história de quem precisou ralar de verdade. Sem contar que não entendo essa luta de egos das pessoas pra provar quem começou a ler Guimarães Rosa mais cedo haha
Tô doida pra saber mais desta viagem do Japão <3 mas você vê, com todas as condições e o conforto que tive na infância, nunca passou pela minha cabeça que um dia eu viveria na Holanda. E nem por isso tô fazendo um discurso de como tive uma infância sofrida e ralei o tchan pra fazer parte da elite hahaha talvez você seja uma desertora de classe, amiga. dá uma lida no texto da Nara!
Perfeito texto. Suspeito que veremos mais obras do tipo, porque se tem francês fazendo e tá fazendo sucesso é chic, é descolado, é tendência! Infância sofrida, se não teve, inventa! Autoficção pode ser ferramenta de rebranding, por que não?
Obrigada, Aline! 💛 Autoficção virou mesmo uma baita ferramenta de rebranding pra quem, até ontem, só escrevia crônicas sobre ser "doidinha" e reclamar que todo homem é um lixo, não é mesmo? Essa banalização cansa, principalmente pra quem tá há anos batalhando pra conquistar um lugar legítimo. Tô num bode sem igual... Mas seguimos. Obrigada mais uma vez pela leitura e pela troca!
Que texto maravilhoso.
Honestidade, falta honestidade e originalidade nessa galera que quer surfar a onda do momento.
Como diz o grande poeta: faz o teu, bença, deixa o dos outros.
Beijo!
Disse tudo, Ludmila! Engraçado que eu estava justamente finalizando esse texto quando topei com o seu comentário na timeline do Substack. Não entendo essa vergonha em admitir que se veio de um núcleo familiar onde nunca faltou nada. Parece o mesmo movimento de certos paulistanos que, do dia pra noite, se reinventam como nordestinos, vendendo narrativas de superação dignas de quem realmente saiu do sertão pra conquistar a cidade grande. No fim, isso só banaliza a trajetória de quem carregou essas vivências no corpo e na história.
E o mais absurdo: a literatura tem tantos espaços ainda por ocupar, tantos nichos legítimos pra serem explorados... Não precisa inventar dor pra ter o que dizer.
Beijo, obrigada pela leitura atenta! 💛
É uma apropriação que esvazia de sentido a trajetória de quem realmente passou ou ainda passa por alguma situação grave na vida. É de uma descaração imensa.
Um beijo, Lidy! Bom demais ler você.
Dá uma satisfação tremenda alguém que consegue articular tão bem aquele incômodo difuso que estamos sentindo. Obrigado!
Alexandre, recebo suas palavras com alegria ♥️ precisava acalmar os ânimo sobre essa pauta e meu jeito de fazê-lo foi pelo texto. Começou na escuta da participação de Bernardi num podcast, acabou comigo aliviada em reconhecer meus privilégios. Pena que ainda sigo meio revoltada com tanta gente aplaudindo a bobajada que essa mulher escreve 😅
Amiga, uau, tá? E antes de vc dar nome aos bois eu já estava suspirando de alívio pela tua lucidez (sempre). Obrigada demais por ter mais paciência e elegância do que eu para falar isso tudo. Texto maravilhoso mesmo, e tenho sentido enorme exaustão desse grupo. O teu livro sai quando? É isso que quero saber :)
Amiga ♥️ te agradeço com o coração cheio pela leitura e pelos elogios ♥️ acho que estamos todos cansados. Quanto mais eu leio, mais me sinto frustrada ao ver gente que se enxerga superior por ter feito certos cursos ou lido certos autores. Não quero silenciar ou anular os incômodos de quem passou por uma ascensão intelectual, mas querer comparar isso a uma deserção de classe me parece bastante descabido.
Seu texto ativou lugarzinho do meu cérebro que precisava dele. Reconhecer nosso lugar na classe, anterior ou presente, sem autojulgamento, sem achar que não somos merecedores ou que somos menos do que deveria, com certeza alivia. Obrigado!
Que ótimo saber disso, Pedro! Eu que te agradeço pela leitura. É um processo complexo esse de observar nossa trajetória e unir as pontas com o passar do tempo. Há muito conflito geracional se pensarmos na vida dos nossos pais e de nossos avós, mas a questão da ascensão social dói em outros pontos e me incomoda ver gente querendo crescer em cima de uma narrativa de superação só porque “tá na moda”. É importante reconhecer privilégios e entender que não há problema algum em ter crescido em condições confortáveis. E, além disso, entender que certificados e afirmação de ter lido certos autores não nos faz melhor que ninguém - algo que a boba da corte parece não ter sacado hehe
Lindíssimo seu texto Lidyane! Adorei saber que você é de MS. Sou de MT, mas hoje falo de outro país também (Itália). Um abraço!
Oi, Camila! É um prazer te ter por aqui. Te agradeço pela leitura :) podemos trocar figurinhas sobre nossas experiências enquanto imigrantes. Adoro saber mais da perspectiva de quem saiu do Cerrado para se instalar na Europa!
Vamos sim! Também adoro conhecer as histórias de quem se mudou, ainda mais quando parte de uma região do Brasil (CO) também distante e cheia de particularidades.
Quando li a boba da corte, pensei: Realmente deve ser uma grande barra a experiência de perceber não basta ser branca, loira, rica e famosa para ser considerada da elite... hahahaha
E pior foi a matéria da Veja chamando amigos de ensebados e se vangloriando de ter uma dia pagado almoço e janta para eles... Deusa me livre!
Hahaha exatamente! É muito sofrimento, pobrezinha. Tamanho drama só pra se encaixar na narrativa que tem vendido muito no momento, ofuscando quem de fato tem algo de relevante para nós contar. É lamentável. Obrigada pela leitura e pelo comentário, Alice! 💛
Lidy adorei essa perspectiva. Não sabia muito sobre tuas origens, muito legal saber mais. Não li esse livro Boba da corte, mas vi a crítica na Quatro Cinco Um e fiquei meio pasma - seria jogada de marketing já que o tal livro pela perspectiva do desertor de classe está em alta? Enfim. Da minha perspectiva, te escrevo de um trem entre Miyajima e Hiroshima - uma viagem ao Japão nunca constou nem nos meus sonhos mais loucos, tendo crescido numa família de classe média baixa. Seria eu uma desertora de classe? Haha
Tai, eu conheço a diva de outros carnavais. Trabalhei numa editora que tinha dois livros dela publicados, ambos compilados de crônicas. Ao menos na literatura ela ficou conhecida por ser muito doidinha (risos) e chorar as pitangas porque todos os homens são horríveis. Um belo dia pego o podcast da 451 para ouvir, que era para divulgar o livro novo da autora, e fiquei meio confusa porque não casa com a personagem, sabe? Entendo o encanto que ela tem pela Annie Érnaux e pelo Édouard Louis. Também entendo que talvez ela tenha se sentido "excluída" quando entrou pra elite intelectual paulistana. Agora querer criar uma narrativa de coitadinha é muito descabido, sobretudo perto da história de quem precisou ralar de verdade. Sem contar que não entendo essa luta de egos das pessoas pra provar quem começou a ler Guimarães Rosa mais cedo haha
Tô doida pra saber mais desta viagem do Japão <3 mas você vê, com todas as condições e o conforto que tive na infância, nunca passou pela minha cabeça que um dia eu viveria na Holanda. E nem por isso tô fazendo um discurso de como tive uma infância sofrida e ralei o tchan pra fazer parte da elite hahaha talvez você seja uma desertora de classe, amiga. dá uma lida no texto da Nara!