Vejo muitas semelhanças com a cultura e língua sueca. Essa coisa de estranharam fazer mais que o esperado no trabalho é bem comum aqui também. Acho que a gente vem de uma cultura onde o trabalho é prioridade, foi difícil no início pra mim me desvencilhar desse modus operandi, eu buguei a primeira vez que minha chefe disse "ta tudo bem vc trabalhar menos hoje pra cuidar da sua filha doente" ou "só faça o que vc conseguir, não aceite dar conta de tudo". O equilíbrio entre vida profissional e pessoal é uma das coisas que mais admiro por aqui.
Também vivo bugada com o cérebro multilíngue e ainda patinando no sueco, estudando, parando, seguindo frustrada, as vezes motivada, uma montanha russa. Por aqui também não é fácil praticar, um sotaque torto eles já mudam pro inglês — acho que para facilitar a vida de quem não fala (mas desfacilita a de quem quer aprender hahahaha). E o que Maíra escreveu sobre as regras gramaticais "é assim porque é" eu já cansei de ouvir de professores diferentes, é meio frustrante pra quem está aprendendo não ter um norte sequer de regras "com o tempo vc aprende".
Mas seu texto me fez enxergar que é com o tempo mesmo que a gente aprende, foi assim que aprendemos as outras línguas afinal. Uma palavra de cada vez.
É algo tão básico, não é mesmo? No Brasil, ao menos pela minha experiência, havia muita pressão por performance e pegava mal priorizar vida pessoal. Está incrustado na cultura local e sendo honesta duvido que mude. Mas de qualquer forma gosto do equilíbrio que existe por aqui, me ensinou a desacelerar e me dedicar mais ao aspecto pessoal.
Agora quando o assunto é língua... socorro. Pelo seu comentário parece existir muita semelhança com a Holanda. Quando percebem a dificuldade ou pegam um erro, já mudam logo para o inglês. Quando digo que quero aprender para me integrar melhor eles sempre argumentam que não vale a pena pois "todo mundo aqui fala inglês" e o holandês só é necessário em poucos cantinhos do mundo. Sem nem perceber o quanto é chato ouvir as pessoas papeando no escritório em holandês enquanto observo com cara de paisagem. Isso de "é assim porque é" me dá nos nervos haha acho que me acostumei demais com a estrutura de línguas latinas onde temos regrinhas e tudo parece mais estruturado.
Vou imprimir o seu "uma palavra de cada vez" no caderno que uso para estudar, vai ficar de lembrete. É preciso muuuuita paciência. Uma hora vai!
Esse seu relato do aluno que pergunta demais me lembrou que, quando comecei a estudar holandês, eu vivia perguntando o motivo por trás de algumas regras do holandês que não faziam sentido pra mim, e a professora sempre respondia algo como "é assim porque é" e eu então aceitei que o holandês é assim porque é e parei de perguntar.
Fico pensando se você não faz uma grande mistura de todas essas línguas que você fala ou está aprendendo. No meu caso, como eu aprendi o francês na Bélgica um pouco antes de me mudar pra Holanda, eu misturo um monte de coisas das duas línguas. Eu estava até querendo voltar a estudar francês aqui na Holanda, mas achei melhor não porque aí mesmo que meu cérebro vai bugar. Mas adoro ler relatos de pessoas que cresceram bilíngues. Tem um livro que gosto muito: "Viver entre línguas" da Sylvia Molloy. Conhece? Se não, eu super recomendo.
Maíra, me abraça. Preciso aceitar que o holandês é assim porque é e tentar memorizar a falta de sentido dessa língua doida.
Antes achava que ter fluência em três línguas facilitiaria o processo de aprender uma nova, mas só piorou pois de fato confundo todas. Com meu parceiro brincamos que nossa língua oficial é o "desesperanto", pois misturamos nossas línguas maternas com todas que aprendemos mais tarde. Às vezes aparece até palavra em alemão, língua que só ele fala. Minha teimosia também não ajuda nem um pouco, pois diante da menor dificuldade com o holandês já penso no quanto me divertiria mais reaprendendo espanhol hehe.
Não conheço o livro da Sylvia Molloy, mas fiquei super curiosa. Já vou ver se acho no kindle <3
Eu amo te ler! ♡ lembrei daquele texto da news da Aline Valek em que ela fala do aprendizado como uma ilha (e que ela conta a experiência dela em aprender alemão). Você leu? Um beijo 😘
E eu amo te ter como leitora fiel! Obrigada demais pelo carinho, Bruna <3 Aline Valek é uma de minhas autoras contemporâneas favoritas, mas acabei só lendo essa edição da newsletter após seu comentário. Vou ver se faço um link por aqui no futuro pois ela traduz muito bem o sentimento caótico de aprender uma nova língua. :)
Vejo muitas semelhanças com a cultura e língua sueca. Essa coisa de estranharam fazer mais que o esperado no trabalho é bem comum aqui também. Acho que a gente vem de uma cultura onde o trabalho é prioridade, foi difícil no início pra mim me desvencilhar desse modus operandi, eu buguei a primeira vez que minha chefe disse "ta tudo bem vc trabalhar menos hoje pra cuidar da sua filha doente" ou "só faça o que vc conseguir, não aceite dar conta de tudo". O equilíbrio entre vida profissional e pessoal é uma das coisas que mais admiro por aqui.
Também vivo bugada com o cérebro multilíngue e ainda patinando no sueco, estudando, parando, seguindo frustrada, as vezes motivada, uma montanha russa. Por aqui também não é fácil praticar, um sotaque torto eles já mudam pro inglês — acho que para facilitar a vida de quem não fala (mas desfacilita a de quem quer aprender hahahaha). E o que Maíra escreveu sobre as regras gramaticais "é assim porque é" eu já cansei de ouvir de professores diferentes, é meio frustrante pra quem está aprendendo não ter um norte sequer de regras "com o tempo vc aprende".
Mas seu texto me fez enxergar que é com o tempo mesmo que a gente aprende, foi assim que aprendemos as outras línguas afinal. Uma palavra de cada vez.
É algo tão básico, não é mesmo? No Brasil, ao menos pela minha experiência, havia muita pressão por performance e pegava mal priorizar vida pessoal. Está incrustado na cultura local e sendo honesta duvido que mude. Mas de qualquer forma gosto do equilíbrio que existe por aqui, me ensinou a desacelerar e me dedicar mais ao aspecto pessoal.
Agora quando o assunto é língua... socorro. Pelo seu comentário parece existir muita semelhança com a Holanda. Quando percebem a dificuldade ou pegam um erro, já mudam logo para o inglês. Quando digo que quero aprender para me integrar melhor eles sempre argumentam que não vale a pena pois "todo mundo aqui fala inglês" e o holandês só é necessário em poucos cantinhos do mundo. Sem nem perceber o quanto é chato ouvir as pessoas papeando no escritório em holandês enquanto observo com cara de paisagem. Isso de "é assim porque é" me dá nos nervos haha acho que me acostumei demais com a estrutura de línguas latinas onde temos regrinhas e tudo parece mais estruturado.
Vou imprimir o seu "uma palavra de cada vez" no caderno que uso para estudar, vai ficar de lembrete. É preciso muuuuita paciência. Uma hora vai!
Esse seu relato do aluno que pergunta demais me lembrou que, quando comecei a estudar holandês, eu vivia perguntando o motivo por trás de algumas regras do holandês que não faziam sentido pra mim, e a professora sempre respondia algo como "é assim porque é" e eu então aceitei que o holandês é assim porque é e parei de perguntar.
Fico pensando se você não faz uma grande mistura de todas essas línguas que você fala ou está aprendendo. No meu caso, como eu aprendi o francês na Bélgica um pouco antes de me mudar pra Holanda, eu misturo um monte de coisas das duas línguas. Eu estava até querendo voltar a estudar francês aqui na Holanda, mas achei melhor não porque aí mesmo que meu cérebro vai bugar. Mas adoro ler relatos de pessoas que cresceram bilíngues. Tem um livro que gosto muito: "Viver entre línguas" da Sylvia Molloy. Conhece? Se não, eu super recomendo.
E obrigada pela recomendação do meu texto. ❤️
Maíra, me abraça. Preciso aceitar que o holandês é assim porque é e tentar memorizar a falta de sentido dessa língua doida.
Antes achava que ter fluência em três línguas facilitiaria o processo de aprender uma nova, mas só piorou pois de fato confundo todas. Com meu parceiro brincamos que nossa língua oficial é o "desesperanto", pois misturamos nossas línguas maternas com todas que aprendemos mais tarde. Às vezes aparece até palavra em alemão, língua que só ele fala. Minha teimosia também não ajuda nem um pouco, pois diante da menor dificuldade com o holandês já penso no quanto me divertiria mais reaprendendo espanhol hehe.
Não conheço o livro da Sylvia Molloy, mas fiquei super curiosa. Já vou ver se acho no kindle <3
Eu amo te ler! ♡ lembrei daquele texto da news da Aline Valek em que ela fala do aprendizado como uma ilha (e que ela conta a experiência dela em aprender alemão). Você leu? Um beijo 😘
E eu amo te ter como leitora fiel! Obrigada demais pelo carinho, Bruna <3 Aline Valek é uma de minhas autoras contemporâneas favoritas, mas acabei só lendo essa edição da newsletter após seu comentário. Vou ver se faço um link por aqui no futuro pois ela traduz muito bem o sentimento caótico de aprender uma nova língua. :)